Quem aqui já esteve internado por uma coisa aparentemente simples e…foi ficando? Quem aqui já passou por uma cirurgia? Quem aqui já teve pneumonia e precisou tomar antibióticos? Eu levanto a mão pra tudo. Tive pneumonia dupla. Não, nunca levei uma facada, fico devendo essa. Quem aqui tá começando a pensar em teorias conspiratórias com essa demora do Bolsonaro em ter alta? – tecnicamente, se recuperar da cirurgia para retirar uma bolsa de colostomia e refazer a ligação entre o intestino delgado e parte do intestino grosso. Carluxo, abaixa a mão, você não vale. Eu não tenho nada a acrescentar a esse debate, estou escrevendo porque meus dedos começaram a tamborilar o teclado sem minha prévia autorização logo depois que eu li que, com febre, Bolsonaro fez uma tomografia de tórax e abdome que mostrou “imagem compatível com pneumonia”.
Uma hora ele tá falando com a rainha da Inglaterra- brincadeira, foi um meme -, na outra arruma uma bactéria comunista. Eu sei lá, gente, fico viajando, Tancredo Neves vem logo à mente, a diverticulite, a farsa do Hospital de Base, retrocedo a Costa e Silva, o derrame cerebral grave, a mídia censurada. O que isso tem a ver com Bolsonaro? Absolutamente, nada. Ou absolutamente tudo? Como controlar a memória? E aí vem outra mania feia. A de ficar simultaneamente bisbilhotando o Mourão. Estaria ele ansioso com tudo isso? Claro. Angustiado? Não parece. Preparando-se para a eventualidade de uma interinidade maior? Certamente. E aí, maldita cabeça que não para de trabalhar, me vem à lembrança o esforço recente de Mourão para parecer palatável para a sociedade, isso depois de virar o darling da mídia setorista (Leia também). Eu juro, tenho ouvido tantos elogios ao Mourão que tem horas que sinto um desejo oculto nas pessoas de que ele seja catapultado à Presidência. Exagero meu, claro, sou meio Ubaldo, o paranoico, de Henfil.

Nessa quinta, enquanto o diagnóstico de Bolsonaro era anunciado, Mourão recebia a Central Única dos Trabalhadores (CUT) – você leu direito -, historicamente ligada ao PT, que foi criticar a reforma previdenciária elaborada pela equipe econômica. Do portal O Antagonista – e vocês são prova de que pra eu cita-los é porque se embrenharam onde eu não me atrevo a entrar: “É fácil constatar a ação coordenada dos militares integrantes do governo: todos, menos um, silenciaram ao mesmo tempo. Nem mesmo o general Augusto Heleno, imagina-se a que custo, se oferta a um microfone ou gravador. Menos um: Hamilton Mourão. O encarregado de falar. Para marcar posições que o identifiquem mais como general, mais com o Exército e a corporação militar, do que como integrante do governo. O ‘falastrão’, como há pouco foi chamado, não está falando só por si. Cumpre um papel recebido e dá voz a um segmento.”
Yo no creo en los hombres, pero…